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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Apelo

 Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa.Primeiros dias,pra dizer a verdade,não senti falta,bom chegar tarde,esquecido na conversa de esquina.Não foi ausência por uma semana:o batom ainda no lenço,o prato na mesa por engano,a imagem de relance no espelho.
 Com os dias,Senhora,o leite primeira vez coalhou.A notícia de sua perda veio aos poucos:a pilha de jornais ali no chão,ninguém os guardou debaixo da escada.Toda a casa era um corredor deserto,e até o canário ficou mudo.Para não da parte de fraco,ah,Senhora,fui beber com os amigos.
 Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só,sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia,como a última luz na varanda.
 E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada - o meu jeito de querer bem.Acaso é saudade,Senhora?
 Às suas violetas,na janela,não lhes poupei água e elas murcham.Não tenho botão na camisa,calço a meia furada.Que fim levou o saca-rolhas?Nenhum de nós sabe,sem a Senhora,conversar com os outros.Venha para casa,Senhora por favor.

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